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sábado, março 23, 2002
 


A cultura acaba sufocando a capacidade das pessoas se entreterem por aumentar o nível de exigência. É aquela minha velha teoria: quanto mais você lê, mais informação se adquire mais complicada fica a vida. Mais difícil fica manter a fé e se deixar entreter.

Por mais que eu seja muito crítico com relação a filmes, peças, livros e tudo mais eu tenho o que acredito manter uma qualidade que a maioria das pessoas que lêem muito acabam perdendo.

Quinta-feira eu assisti Vítor ou Vitória mais uma vez e fiquei ainda mais apaixonado. Hoje tava conversando com meu irmão ,que é chique, culto, viajado, inteligente, poliglota, pianista, tudo de bom... e comentei a respeito do musical. Então ele me disse que um amigo dele viu e seu comentário foi: "Não entendi porque fizeram o musical depois daquele filme tão bom."

Lembro que o assisti com a minha avó, e foi o primeiro filme musical que eu assisti. Se você não viu o filme, veja, pois vale muito pena. Aliás este filme é uma das memórias mais remotas da minha infância. Minha vó é o máximo, ela ia me falando sobre os atores, as músicas e sobre Julie Andrews, que ela adora. Portanto tenho um carinho especial sobre o filme e, agora, musical.

Voltando, por que fizeram o musical? Porque o filme é bom já é em si uma boa razão. O filme entreteu milhares, milhões, sei lá e resolveram fazer o mesmo no teatro, ué! O que há de mal nisso.

Infelizmente não vi Victor Victoria, o musical da Broadway e West End, mas vi o da Marília Pêra duas vezes.

Não me importo que que haja um foco em cima da Marília Pêra o tempo todo, que ela receba flores no final sob os aplausos entusiastas do resto do elenco e todo o resto que torna Vítor ou Vitória uma peça de caráter comercial.

Aí recaio no motivo pela minha busca da carreira de ator e naquela velha máxima de Nietszche: "Temos a arte para que a realidade não nos destrua". Teatro, cinema, TV, livros por mais poder artístico que possam ter servem também para entreter, fazer com que o espectador se entregue e sonhe com aquela realidade ideal e no caso dos musical, sinta aquelas músicas, viaje naquele glamour, ria, esqueça do trânsito, do salário que não dá pra fazer tudo que queremos, da morte e da vida.

Este é o grande motivo pelo qual você me verá um dia num teatro perto de você. Pra fazer você rir e chorar e no dia seguinte, acordar mais feliz e num momento qualquer se lembrar de que vale a pena estar aí.

Vivas para Vítor ou Vitória, Julie Andrews, Marília Pêra.

Viva minha Vó!

Viva o sonho!