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segunda-feira, setembro 29, 2003
.: Folias em um domingo :. O Grupo Folias é, sem medo de errar, o meu favorito na cena paulistana. Trabalhos como o envolvente musical Single Singers Bar e o ótimo, e não menos envolvente Babilônia são referências muito pessoais enquanto pessoa e ator.
Em primeiro plano, Ailton Graça (Otelo) e Renata Zhaneta (Desdêmona) Desta vez o excelente Grupo Folias traz Otelo, de William Shakespeare. Os figurinos, a cenografia, a tradução de Maria Sílvia Betti e a sempre brilhante direção musical de Dagoberto Feliz, aliadas à direção precisa de Marco Antonio Rodrigues nos traz uma interessante leitura contemporânea desta que é uma das maiores tragédias do bardo. O espetáculo, com arquibancadas móveis, utilização total e coerente do espaço físico, e um elenco de primeira, dialoga constantemente com a atualidade, e faz com que o espectador vá e volte no tempo, lançando assim, uma interessante reflexão sobre amor, obsessão e, principalmente, violência. No melhor estilo do Teatro Épico proposto no meio do século passado, sempre que a platéia se envolve demais com a ação, é convidada a se distanciar, o que acontece geralmente através do texto e de inserções musicais contemporâneas. Shakespeare e Brecht ficariam orgulhosos. Imperdível. Otelo, de William Shakespeare. Direção de Marco Antonio Rodrigues. Com o Grupo Folias D?Arte: Ailton Graça, Renata Zhaneta, Francisco Bretas, Atílio Beline Vaz, Bruno Perillo, Carlos Francisco, Dagoberto Feliz, Flávio Tolezani, Juliana Balsalobre, Nani de Oliveira, Paulo Bordhin, Rogério Romera e Val Pires. Galpão do Folias Rua Ana Cintra, 213, Santa Cecília, São Paulo, SP. Tel. 0++/11/3361-2223 5ª e 6ª às 20h sábado, às 21h domingo, às 19h R$ 20 estudante paga meia * dica * Se você não reservar seus ingressos e chegar com antecedência, corre o imperdoável risco de ficar de fora. Vale dar uma ligadinha antes. * bônus * "Otelo" Ato I Cena I Iago - Pois meu amigo, fique certo de que se eu o sirvo é para meu próprio proveito. Nem todos podem ser patrões, e nem todos os patrões podem ser servidos de verdade. Você há de conhecer muito serviçal submisso, obcecado com sua própria vassalagem, consumindo a vida como um asno que serve ao dono a troco de sustento, e é dispensado quando fica velho. Chicote no lombo desses honestos serviçais! Outros assumem por fora uma postura de obediência e respeito, enquanto secretamente tiram vantagem própria no que podem, e fingindo servir aos amos, prosperam, e quando estão com os bolsos cheios, é a si próprios que prestam reverências. Estes indivíduos têm lá seu espírito, e eu próprio sou um deles. Pois meu caro, tão certo como seu nome é Rodrigo, se eu fosse o Mouro não haveria de querer um homem como Iago por perto. Servindo a ele eu sirvo é a mim mesmo. O céu é meu juiz, e não eu próprio, embora as aparências digam o contrário. Pois quando minhas ações revelarem minha natureza verdadeira, não passará muito tempo e eu estarei abrindo ao mundo meu próprio coração para que ele seja comido pelos urubus. Não sou o que pareço. ps ainda vivo Iago no teatro. aguarde...
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